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Logística no Médio Oriente: Como os mercados estão a evoluir

Logística no Médio Oriente: Como os mercados estão a evoluir

Alexander Petrunin
por 
Alexander Petrunin
5 minutos de leitura
Transporte
fevereiro 16, 2025

O Médio Oriente está a emergir como um centro logístico fundamental, ligando a Europa, a Ásia e a África através de corredores comerciais estratégicos. O rápido crescimento económico da região, o investimento em infra-estruturas e a evolução das políticas comerciais posicionaram-na como um interveniente fundamental nas cadeias de abastecimento globais. No entanto, desafios únicos como as tensões geopolíticas, condições climatéricas extremas e diferenças regulamentares criam obstáculos às empresas de logística. Este artigo explora a forma como a logística no Médio Oriente se está a desenvolver, os desafios que enfrenta e as oportunidades de crescimento.

Logística no Médio Oriente: Principais factores que impulsionam o crescimento da logística

1. Localização estratégica

O Médio Oriente é um elo vital entre os mercados mundiais. Países como os Emirados Árabes Unidos (EAU), a Arábia Saudita e o Qatar actuam como importantes pontos de trânsito para o comércio internacional. Portos como Jebel Ali (EAU) e Hamad Port (Qatar) desempenham um papel crucial no manuseamento eficiente da carga e na ligação das cadeias de abastecimento globais.

2. Desenvolvimento de infra-estruturas

Os governos do Médio Oriente estão a investir fortemente em infra-estruturas logísticas. Os principais projectos incluem:

  • Visão Saudita 2030: Tem por objetivo melhorar as redes de transporte e tornar a Arábia Saudita uma potência logística.
  • Corredor logístico do Dubai: Uma rede de transportes multimodal que integra o transporte marítimo, aéreo e terrestre de mercadorias.
  • Expansão do porto de Duqm em Omã: Destina-se a fomentar o comércio e a reduzir a dependência dos portos do Golfo.

Estes investimentos estão a melhorar a conetividade e a reduzir os tempos de trânsito das mercadorias que atravessam a região.

3. Tecnologia e digitalização

As empresas de logística do Médio Oriente estão a adotar rapidamente soluções digitais para melhorar a eficiência. Os principais avanços incluem:

  • IA e análise preditiva: Utilizado para otimizar as cadeias de abastecimento e reduzir os custos.
  • Cadeia de blocos para a transparência do comércio: Aumenta a segurança e simplifica o desalfandegamento.
  • Armazenagem inteligente: A automatização e a robótica estão a melhorar a gestão do inventário e o cumprimento das encomendas.

Desafios da logística no Médio Oriente

1. Incerteza geopolítica

As rotas comerciais no Médio Oriente são por vezes afectadas pela instabilidade política. Questões como conflitos regionais e restrições comerciais podem causar interrupções, exigindo que os fornecedores de logística desenvolvam planos de contingência.

2. Condições climáticas extremas

O clima rigoroso do Médio Oriente, incluindo temperaturas elevadas e tempestades de areia, coloca desafios logísticos. Os sistemas de armazenamento e de transporte têm de ser adaptados para resistir a estas condições, especialmente no caso de bens perecíveis.

3. Complexidade regulamentar

Cada país da região tem procedimentos e regulamentos aduaneiros distintos, o que torna a logística transfronteiriça complicada. A harmonização das políticas comerciais nos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) continua a ser um desafio para as empresas que procuram operações sem descontinuidades.

Oportunidades emergentes na logística do Médio Oriente

1. Expansão do comércio eletrónico

O aumento do comércio eletrónico está a impulsionar a procura de soluções logísticas mais rápidas e mais eficientes. As empresas estão a investir em:

  • Soluções de entrega na última milha: Melhorar a logística urbana com entregas por drones e veículos autónomos.
  • Centros de execução: Expansão dos armazéns para responder à procura crescente de compras em linha.

2. Crescimento do transporte multimodal

Para reduzir a dependência do transporte rodoviário, os países do Médio Oriente estão a desenvolver soluções logísticas alternativas:

  • Redes ferroviárias: Projectos como a rede ferroviária do CCG visam ligar os países do Golfo com um sistema ferroviário integrado.
  • Logística marítima: Expansão das instalações portuárias e promoção da navegação costeira para descongestionar as estradas.

3. Logística verde e sustentabilidade

Com as crescentes preocupações ambientais, as empresas de logística do Médio Oriente estão a adotar práticas sustentáveis, tais como:

  • Energia renovável em armazéns: Utilizar a energia solar para reduzir a pegada de carbono.
  • Veículos ecológicos: Implantação de camiões eléctricos e movidos a hidrogénio para transporte.
  • Processos comerciais sem papel: Documentação digital para melhorar a eficiência e a sustentabilidade.

Perspectivas regionais

1. Emirados Árabes Unidos (EAU)

O Dubai é um centro de logística global, com o Porto de Jebel Ali e o Aeroporto Internacional do Dubai a servirem como centros de transbordo fundamentais. As infra-estruturas avançadas e as zonas de comércio livre dos EAU atraem empresas multinacionais de logística.

2. Arábia Saudita

O sector da logística da Arábia Saudita está a expandir-se no âmbito da Visão 2030. Os investimentos em transporte ferroviário de mercadorias, zonas industriais e novas rotas comerciais têm como objetivo posicionar o país como líder regional em logística.

3. Qatar

O porto de Hamad, no Qatar, está a emergir como um importante centro logístico, facilitando o comércio internacional e reduzindo a dependência dos portos vizinhos. O país também está a investir na expansão da carga aérea para apoiar a conetividade global.

4. Omã

A localização estratégica de Omã, fora do Estreito de Ormuz, torna-o uma alternativa atractiva para as rotas marítimas. O desenvolvimento do porto de Duqm e dos centros de logística está a reforçar o papel de Omã nas cadeias de abastecimento globais.

  1. Logística autónoma: A ascensão dos camiões autónomos e dos sistemas de gestão logística alimentados por IA.
  2. Expansão das zonas francas: Mais zonas de comércio livre centradas na logística para incentivar o investimento estrangeiro.
  3. Facilitação do comércio transfronteiriço: Esforços para normalizar os procedimentos aduaneiros e melhorar a eficácia do comércio no CCG.
  4. Crescimento da logística da cadeia de frio: Aumento da procura de armazenamento e transporte a temperatura controlada, nomeadamente para produtos farmacêuticos e alimentares.

Conclusão

A logística no Médio Oriente está a evoluir rapidamente, impulsionada pelos investimentos em infra-estruturas, pelos avanços tecnológicos e pela expansão do comércio eletrónico. Apesar de desafios como os riscos geopolíticos e as condições climáticas extremas, a região oferece imensas oportunidades para as empresas que procuram otimizar as cadeias de abastecimento. Ao alavancar a transformação digital, o transporte multimodal e as iniciativas de sustentabilidade, o Médio Oriente está a reforçar a sua posição como um centro de logística global. Como o comércio continua a crescer, os fornecedores de logística na região devem permanecer ágeis e inovadores para atender às demandas de um mundo cada vez mais conectado.