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Como o Brexit impactou a logística no Reino Unido

O impacto do Brexit na logística do Reino Unido

Alexander Petrunin
por 
Alexander Petrunin
4 minutos de leitura
Tendências em logística
fevereiro 16, 2025

Introdução

A decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, vulgarmente conhecida como Brexit, reformulou profundamente o panorama da logística. À medida que as empresas se adaptaram a novos regulamentos, procedimentos aduaneiros e acordos comerciais, o sector da logística enfrentou desafios significativos. Desde o aumento da burocracia até aos atrasos na cadeia de abastecimento, o Brexit obrigou as empresas a repensar as suas estratégias de logística. Este artigo explora os principais impactos do Brexit na logística do Reino Unido e a forma como as empresas se podem adaptar às novas realidades.

Brexit: Alfândegas e controlos fronteiriços

Um dos impactos mais imediatos e visíveis do Brexit foi a introdução de verificações aduaneiras e controlos fronteiriços para as mercadorias que circulam entre o Reino Unido e a UE. Antes do Brexit, as mercadorias circulavam livremente através das fronteiras sem necessidade de documentação exaustiva. Agora, as empresas têm de lidar com:

  • Declarações aduaneiras: Os exportadores e importadores são obrigados a preencher uma documentação pormenorizada, o que aumenta os encargos administrativos e os custos.
  • Atrasos nos portos: Os principais portos, como Dover, registaram tempos de espera mais longos devido ao aumento dos controlos e inspecções.
  • Regras de origem: As empresas devem provar o local de fabrico dos seus produtos para poderem beneficiar de isenções pautais ao abrigo do Acordo de Comércio e Cooperação (ACC) entre o Reino Unido e a UE.

Perturbações na cadeia de abastecimento

As novas barreiras comerciais perturbaram as cadeias de abastecimento que anteriormente estavam integradas em toda a UE. Os principais desafios incluem:

  • Escassez de stocks: Os atrasos nas fronteiras levaram à escassez de bens, especialmente nas indústrias que dependem de cadeias de abastecimento just-in-time (JIT).
  • Aumento dos custos: Os direitos aduaneiros adicionais, os atrasos nos transportes e as despesas administrativas fizeram aumentar o custo da circulação das mercadorias.
  • Diversificação de fornecedores: As empresas estão atualmente a procurar fornecedores alternativos fora da UE para reduzir a dependência e o risco.

Impacto na força de trabalho

O Brexit também afectou a disponibilidade de mão de obra qualificada no sector da logística, em especial para funções como motoristas de camiões e trabalhadores de armazéns. O fim da livre circulação levou a:

  • Escassez de mão de obra: Muitos cidadãos da UE que trabalhavam anteriormente no Reino Unido foram-se embora, criando lacunas na mão de obra.
  • Aumento dos salários: As empresas estão a oferecer salários mais elevados para atrair trabalhadores domésticos, aumentando os custos operacionais.
  • Programas de formação: As empresas estão a investir em programas de formação para criar uma força de trabalho mais sustentável.

Alterações regulamentares

O Brexit introduziu uma série de novos regulamentos que as empresas têm de cumprir. Estes incluem:

  • Normas de produtos: As empresas do Reino Unido que exportam para a UE devem cumprir as normas da UE e, simultaneamente, respeitar a regulamentação específica do Reino Unido.
  • Regras de transporte: O transporte transfronteiriço exige agora autorizações e certificações adicionais.
  • Partilha de dados: As alterações às leis de proteção de dados afectaram a forma como as empresas partilham informações além-fronteiras.

Brexit: Oportunidades em meio a desafios

Embora o Brexit tenha criado inúmeros desafios, também abriu oportunidades de inovação e crescimento no sector da logística. Por exemplo:

  • Adoção de tecnologias: As empresas estão a investir em ferramentas digitais como software de gestão aduaneira e rastreio em tempo real para simplificar as operações.
  • Polos regionais: As empresas estão a estabelecer centros de distribuição mais próximos dos clientes para atenuar os atrasos nas fronteiras.
  • Diversificação do comércio: O Brexit incentivou as empresas a explorarem novas relações comerciais com países não pertencentes à UE, alargando o seu alcance no mercado.

Brexit: Estratégias de adaptação para as empresas

Para navegar no panorama logístico pós-Brexit, as empresas podem adotar as seguintes estratégias:

  1. Reforçar os conhecimentos especializados no domínio aduaneiro: Investir na formação do pessoal ou em parcerias com despachantes aduaneiros para garantir a conformidade com a nova regulamentação.
  2. Criar stock de reserva: Manter níveis mais elevados de existências para prevenir eventuais atrasos nas fronteiras.
  3. Melhorar a colaboração: Trabalhar em estreita colaboração com os fornecedores de logística e os parceiros da cadeia de abastecimento para identificar e resolver os estrangulamentos.
  4. Tirar partido da tecnologia: Utilizar análises avançadas, automação e plataformas digitais para otimizar as operações de logística e melhorar a eficiência.

Implicações a longo prazo

O impacto do Brexit na logística irá provavelmente persistir à medida que as empresas e os governos continuarem a ajustar-se ao novo ambiente comercial. Com o tempo, as empresas que se adaptarem rapidamente e adoptarem a inovação ganharão uma vantagem competitiva. Além disso, as negociações e os acordos em curso entre o Reino Unido e a UE poderão moldar ainda mais o panorama logístico.

Conclusão

É inegável que o Brexit transformou a logística no Reino Unido, trazendo desafios e oportunidades. Embora o aumento da burocracia, os atrasos nas fronteiras e a escassez de mão de obra tenham criado obstáculos, também levaram as empresas a inovar e a adaptar-se. Ao adotar abordagens estratégicas e alavancar a tecnologia, as empresas podem navegar pelas complexidades da logística pós-Brexit e prosperar nesta nova era do comércio.